Na Hungria, a luta pela liberdade de imprensa conseguiu mover 30 mil pessoas nas ruas de Budapeste. A 15 de março, a cidade encheu pela revogação da polémica lei dos media aprovada em dezembro do ano passado, e que entrou em vigor no início de 2011: já é a terceira manifestação do género.
A lei, que colocou o primeiro-ministro conservador Viktor Orban e o seu partido, Fidesz, sob fogo é vista como uma ameaça perante a liberdade de imprensa e de expressão: pretende que todos os meios de comunicação desempenhem uma “cobertura equilibrada” dos acontecimentos, por exemplo, “mostrando respeito pelo casamento e pela instituição da família”, não tendo em conta as dimensões e audiência de cada meio – colocando um blog ao mesmo nível de um jornal. As novas regras são também aplicáveis a empresas de comunicação que não estejam sediadas na Hungria, e reforçam o poder do NMHH – organismo que já intervinha nas emissoras públicas e na agência de notícias nacional, a MIT, e que pode agora atuar sobre empresas privadas. O apelidado Conselho dos Media é descrito como dominado por próximos de Orban, o que levanta dúvidas quanto a interferências estatais. As pesadas sanções a aplicar vão desde multas até 700 mil euros para os órgãos de comunicação, até ao fecho temporário de redações.
Os protestos não passam só pelas manifestações: o jornal húngaro de maior circulação, Népszabadság, chegou a colocar a frase “A liberdade de imprensa na Hungria cessou de existir”, escrita nas 22 línguas oficiais da UE, na primeira página de uma das suas edições.
Devido à contestação e às pressões da UE – é de salientar que a Hungria está a assumir a presidência europeia –, a 7 de março o Parlamento aplicou alterações a esta lei. Porém, três dias depois, a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) fez aprovar no Parlamento Europeu uma resolução segundo a qual as autoridades húngaras devem “restabelecer a independência dos media e pôr termo às interferências estatais”, dando um sinal claro de descontentamento, que se soma ao que já se vive dentro de fronteiras.
+++Este artigo foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.+++